Abstract:
Após anos de implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), ainda há necessidade de
esforço constante e solidário entre as esferas de governo para garantir um sistema de saúde
universal caracterizado por acolhimento, qualificação e resolutividade. As leis que regulam o
SUS estabelecem as responsabilidades de cada nível de gestão, os níveis de complexidade
assistencial e definem a Atenção Primária como a porta de entrada preferencial. A Política
Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (PNH) surge como uma proposta
transformadora, alterando as atitudes dos trabalhadores, gestores e usuários diante dos desafios
do sistema público de saúde. A PNH se apresenta não apenas como um programa, mas como
uma política que reinventa modos de gerir e cuidar, baseada no acolhimento, ampliação da
clínica, gestão democrática, valorização do trabalhador e garantia dos direitos dos usuários. O
acesso universal se humaniza pelo acolhimento, e soluções para os problemas dos usuários são
encontradas através de escuta qualificada. No contexto da odontologia, a introdução do
paradigma da humanização e da integralidade do atendimento implica uma revisão da
disponibilidade e qualidade do cuidado, tanto em ambientes ambulatoriais quanto na rede de
urgência. A constatação de que a rede de assistência bucal carece de valorização da
humanização justifica este estudo, que visa discutir a rede de saúde bucal sob essa ótica,
explicando o caminho a ser percorrido para que os usuários possam finalmente desfrutar de
uma assistência integral e digna. Para a realização deste estudo, foi feita uma revisão de
literatura utilizando artigos de plataformas como Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), SciELO
e Google Acadêmico, publicados entre 2005 e 2023. Os resultados indicam que uma política
nacional de humanização deve estar presente em todas as políticas e programas do SUS. A PNH
busca transformar as relações de trabalho, aumentando o contato e a comunicação entre pessoas
e grupos, afastando-os do isolamento e das relações hierárquicas de poder. A humanização
exige que os profissionais de saúde adotem novas linhas de ação, combinando sensibilidade
com conhecimento técnico-científico, engajando-se em uma escuta diferenciada para
identificar questões derivadas de processos sociais, físicos, biológicos e psicológicos. A
recepção dos serviços deve ser ajustada às condições das pessoas atendidas. A humanização
oferece um suporte holístico, garantindo justiça e incentivando a participação social dos
usuários. No entanto, essa humanização só se concretiza com a valorização dos profissionais e
usuários. A falta de dedicação e pontualidade dos servidores, a insuficiência de profissionais
especializados, a insegurança dos ambientes assistenciais e a deficiência na infraestrutura
revelam um sistema falido, com pouca humanização no atendimento. A fragilidade dos vínculos
e das relações interpessoais, caracterizada pela falta de empatia e solidariedade, evidencia esses
problemas.